Região serrana vive desafio de combater o tráfico de drogas
Tráfico de drogas foi um dos temas debatidos durante a audiência pública em Santa Teresa na noite de ontem (14). 130 ocorrências envolvendo tráfico de drogas na região, 42 armas presa inclusive submetralhadora. O Major Sonimarcos pediu plantão 24h e oradores sugeriram que as ocorrências da região possam ser atendidas pelo Ciodes, para agilizar o atendimento.
A pacata região serrana, envolvendo os municípios de Santa Teresa, de Santa Maria de Jetibá, de Santa Leopoldina, de Itarana, de Itaguaçu e de São Roque do Canaã, enfrenta o desafio da expansão do tráfico de drogas. Esse foi um dos temas debatidos durante a audiência pública da Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), realizada na noite desta quinta-feira (14), na Câmara de Vereadores de Santa Teresa.
Responsável pelo comando da 8ª Companhia Independente da Polícia Militar, que abrange os seis municípios discutidos na reunião, o major Sonimarcos Zucolotto pontuou as limitações e os problemas enfrentados pela corporação.
“Temos 110 policiais para seis municípios. A maioria dos municípios tem dois policiais para patrulhar cada cidade. Após o horário das 16h, a entrega do flagrante é realizada em outra cidade. Precisamos de um plantão 24h na nossa região”, cobrou o oficial.
Sonimarcos explicou ainda que o aumento dos homicídios na região tem correlação com o tráfico de drogas. “Temos de trabalhar para que esse tipo de motivação de morte não prevaleça. Temos tido muitas apreensões do tráfico de drogas. Já foram 130 ocorrências do tipo neste ano. Tem mudado muito a dinâmica na região. Toda vila do interior tem tráfico de drogas. Já apreendemos, ao longo deste ano, 42 armas de fogo na região: quatro delas foram submetralhadoras. No ano passado inteiro, foram três. São armas de grande poder e calibre. E a justificativa do criminoso é sempre a mesma: para a nossa defesa”, disse o comandante, informando que a Polícia Militar está atenta.
O superintendente de Polícia Regional Serrana, delegado Paulo Rogério de Souza, explicou que cada região tem suas particularidades e que necessita de entendimentos para aprimorar a proteção. “Temos que trabalhar para preservar vidas e evitar o crescimento de outros crimes, como os que envolvem tecnologia. Por isso temos capacitado os policiais”.
De janeiro a julho deste ano, a região a cargo da 8ª Cia, somou 329 ocorrências de estelionato/fraude, a maioria delas envolvida com golpes feitos em ambiente virtual. O vice-prefeito de Santa Teresa, Doutor Gregório, solicitou campanhas de conscientização para ajudar a combater esse tipo de delito. Bahiense explicou que só há uma delegacia do gênero no Estado e que a comissão cobrará por mais capacitação aos agentes de segurança. Além disso, o vice-prefeito solicitou reforço da patrulha rural.
“Santa Teresa é uma cidade rural. Precisamos melhorar essa patrulha. Se isso não funcionar, o campo irá quebrar”, ponderou Gregório.
Outra questão debatida foi a necessidade de união de esforços. Titular da Delegacia de Santa Teresa, o delegado Leandro Barbosa Morais cobrou maior sinergia entre as polícias e o Poder Judiciário, para que haja melhor serviço e consequente maior proteção da população.
Moradores sugeriram que as ocorrências da região possam ser atendidas pelo Ciodes, para dinamizar a velocidade do atendimento dos casos. Além disso, outras propostas foram a expansão da cobertura telefônica, para que haja comunicação efetiva, bem como a presença da polícia científica na região.
Valorização
Os presentes à audiência pública também defenderam a valorização das forças de segurança. O vereador de Santa Teresa Renato Cosmi apontou para que os professores e os policiais tenham mais atenção, muito em função do “árduo labor”.
O secretário municipal de Governo de Santa Teresa, João Paulo Angeli, cobrou diagnósticos regionais para políticas de segurança.
Representante do município de Santa Maria de Jetibá, o secretário de Defesa Social da cidade, Vitor Dimitri, contou sobre os desafios da área, especialmente quanto ao aumento de homicídios, que passaram de três, em 2022, para seis, em 2023.
“Nós estamos absorvendo mão de obra desqualificada. É sabido que vítimas de homicídios vieram dos municípios vizinhos. Por falta de qualificação, mão de obra não é absorvida. É um problema muito sério. Temos o desafio de instalar a guarda civil municipal. Também estamos trabalhando para instalar 42 câmeras de videomonitoramento com reconhecimento facial. Nossa reivindicação, mesmo com o efetivo pequeno da PM, é guarnecer as nossas comunidades com DPMs”.
A vereadora de Santa Teresa Almery Lilian Moraes Lopes cobrou por ações de inteligência, para monitorar as cidades, bem como políticas públicas de combate à violência doméstica.
Sobre São Roque, o vereador Gilmar Meireles demonstrou preocupação com o município ser possível alvo do novo cangaço. “Temos vielas de fácil acesso para outras cidades. Isso nos preocupa”, detalhou.
Presidente do colegiado, Bahiense considerou a audiência como produtiva. “Ouvimos demandas sobre patrulha rural, videomonitoramento, aumento do efetivo das nossas polícias e sobre o tráfico de drogas, que lamentavelmente está em todo o nosso Estado. Vamos fazer um relatório detalhado e apresentar às autoridades, para que possamos atuar juntos em soluções conjuntas. Só assim podemos mudar a realidade”, finalizou.