Santa Maria do Doce, agonia ou morte?
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O rio Santa Maria do Doce, responsável por toda a produção agrícola do distrito de Várzea Alegre, São João de Petrópolis e São Roque, parou de correr. A constatação foi feita pela reportagem do Gazzetta di Santa Teresa, que, atendendo às muitas solicitações de produtores, visitou a região. As imagens da seca impressionam, a estiagem expôs os resultados das políticas de manejo adotadas em relação ao rio. Confira.
Apesar das recentes chuvas, nada mudou para os produtores que dependem do Rio Santa Maria do Doce. O rio está seco desde sua nascente no sopé da Pedra da Onça. Os pequenos rios (córregos) tributários do Santa Maria como o córrego do Pequiá, Santo Hilário, Taboquinha e outros, estão completamente sem água. Produtores de Várzea Alegre e demais distritos afetados apelam para os poços artesianos e dizem que o sumiço da água foi rápido e aconteceu nos últimos 6 meses.
Percorremos cerca de 15 quilômetros pelo leito do rio. Encontramos pastos no leito do rio, barragens assoreadas e apenas algumas poças.
O produtor P.F.S, que também não quis seu nome revelado, diz que a barragem próxima à sua propriedade está desviando água para outra lagoa distante do rio. “Essa barragem (próximo à Pedra do Rúdio) está sendo usada como se fosse particular, não existe isso, nossa situação é crítica, não suportaremos mais uma estiagem”. Reclama.
Na barragem existe ainda uma quantidade de água represada, mas rio acima e rio abaixo o leito está seco. Seguimos uma tubulação de 100mm que estava acoplada à barragem e chegamos a uma outra lagoa distante uns 300 metros do leito. Fomos recebidos pelo morador do local, M.Z, que também reclamou da seca, e quando perguntado sobre a água da lagoa, disse que a água nasce ali mesmo.
Na região de Barracão o cenário é desolador. O rio Taboquinha completamente seco, assim como o Santa Maria.
A agricultora Maria de Lourdes Gotardo conta que na ponte do rio Santa Maria em Barracão já morreu gente afogada. “Não dá pra acreditar que um rio que fazia tanto barulho com a água passando, hoje só têm poeira”. Afirma.
Laercio Zanetti diz que os produtores têm que mudar de hábito e começar a proteger os mananciais plantando árvores ao longo do curso e consultar os órgãos ambientais antes de mexer no leito. “Há 20 anos comecei a plantar jamelão nas margens, pois é resistente à água e é frutífera. Se todos cuidassem de seu trecho, talvez não estaríamos nessa crise”. Desabafa.
A dona de casa aposentada H.D.M. diz que a região é esquecida da administração e dos órgãos ambientais que transferem a responsabilidade uns para os outros. “As pessoas fazem o que bem querem, não têm fiscalização, estão construindo poços e desviando a água do rio sem controle, há 6 meses tinha muita água, mas secou de repente”. Conta.
Abrir poços artesianos para enfrentar a crise hídrica pode ser uma solução momentânea, mas agrava o problema a médio prazo, dizem os especialistas. O professor Gustavo Kuller de Alvarenga, Mestre em Meio Ambiente pela UFMG, explica que a perfuração em massa de poços, podem diminuir drasticamente o nível do lençol freático, afetando negativamente a recuperação do rio que nesse momento só possui algumas poças de água com “volume morto”. Alvarenga explica ainda que os poços da região, são semi artesianos, àqueles que precisam de bombas para puxar a água. “Tudo deve ser feito com o acompanhamento de técnicos competentes que levem em conta relevo, o número de produtores, altitude, gravidade para escoamento, tipo de terreno, além de outros fatores, para se traçar um plano efetivo que contemple o futuro da região.
De acordo com o secretário de Agricultura e desenvolvimento Jorge Natalli, na próxima semana irá promover um circuito de reuniões e palestras de cunho educativo nas áreas atingidas. Natalli diz que é preciso mudar a metodologia de enfrentamento na situação de crise. “Enfrentar a crise denunciando não resolve e ainda atrapalha a produtividade de quem têm tanto trabalho produzir alimentos. Nossa proposta é que enfrentamos a crise juntos, a secretaria, os produtores e os órgãos fiscalizadores todos unidos em busca das soluções e deliberações conjuntas, só então depois desse acordo, àquele que não se enquadrar ou desobedecer, deverá sofrer as sanções da lei”. Explica.
Mudança de hábito
O secretário Natalli falou ainda da responsabilidade do poder público em dar o exemplo. “Chegamos ao limite, já sabemos que essa crise não é passageira, temos que aprender com isso, é necessário uma mudança de hábito, tanto a área urbana como a área rural, todos nós temos que mudar nossos hábitos, pois todos somos responsáveis, e quem têm que dar o exemplo é o poder público com prédios aptos captar e armazenar água da chuva para aproveitamento de lavagem de salas, pátios e calçadas, propus isso enquanto vereador, para sermos uma cidade sustentável é necessário atitudes sustentáveis. Temos que adotar o uso da água da chuva também nas residências. Não dá mais para ficar reclamando e achando culpados. Nesse tempo, não dá mais pra lavar calçada com água potável. Sem a participação da sociedade fica impossível a solução de um problema social que afeta a todos”.