Ruschi presenteou rainha Elizabeth II com 100 beija-flores
A Ideia foi do então embaixador do Brasil na Inglaterra, Assis Chateaubriand, que tinha parceria com o naturalista capixaba no repovoamento da ave no Rio de Janeiro. Augusto Ruschi publicou mais de 450 trabalhos científicos e grandes obras como Aves do Brasil e Beija-Flores do Espírito Santo, livros sobre orquídeas, beija-flores, morcegos, macacos, aves e trabalhos com propostas de solução para problemas ambientais de diversas regiões do país.
Além da visita do agora rei Charles III ao Espírito Santo, em 1991, o Estado teve outra participação na história da Família Real Britânica. Em 1957, o naturalista Augusto Ruschi (1915-1986), considerado “Guardião da Floresta”, presenteou a rainha Elizabeth II com 50 casais de beija-flores vivos. Posteriormente, ele foi condecorado pela monarca.
Neto do naturalista, o ambientalista Gabriel Ruschi conta que o avô desenvolveu uma técnica de transporte da ave durante as pesquisas no Espírito Santo. “Ele estudou várias técnicas e equipamentos para transportar beija-flores em longas distâncias, como acondicionamento, indução ao sono e alimentação nas análises para contar o batimento de asas”, conta o presidente da Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi (EBMAR).
Com essas técnicas, Augusto Ruschi viajou à Inglaterra para presentear a rainha com os beija-flores. A viagem ocorreu em 1957, cinco anos após Elisabeth ter se tornado rainha. Gabriel Ruschi conta que o avô recebeu um livro do monarca sobre a ave, em agradecimento ao presente dado pelo capixaba.
Chateaubriand desenvolvia um projeto com Ruschi, uma campanha de repovoamento dos beija-flores no Rio de Janeiro e era um doador do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, criado por Ruschi, extinto por Paulo Hartung, hoje é sede do Inma.
Condecorado pela rainha da Inglaterra
O livro “Ruschi: O Guardião da Floresta” conta a história do naturalista e destaca que, entre os diversos prêmios e honrarias recebidas, como reconhecimento pelo seu trabalho, houve uma condecoração da rainha Elizabeth II. Não há confirmação, no entanto, da data em que a homenagem foi realizada e se ela tem relação com os beija-flores.
Essa rede de relacionamentos de A. Ruschi incluía membros de todo o mundo. No Museu de Biologia Professor Mello Leitão (MBML), onde hoje funciona a sede do Instituto Nacional Mata Atlântica, em Santa Teresa, Ruschi recebeu visitas ilustres, como o então vice-presidente da República Augusto Rademaker; a esposa do presidente Ernesto Geisel, Lucy Geisel; além de governadores e socialites, que acabavam se tornando divulgadores do seu trabalho.
Os apoiadores de Ruschi ainda incluía nomes como Assis Chateaubriand; o poeta Carlos Drummond de Andrade; o cronista Rubem Braga; o ex-presidente da República Juscelino Kubitscheck; o parasitólogo e pesquisador Lauro Travassos; a antropóloga Heloísa Alberto Torres; e o ornitólogo alemão Helmut Sick.
Augusto Ruschi
Augusto Ruschi nasceu em 12 de dezembro de 1915, em Santa Teresa, na Região Serrana do Espírito Santo, em uma família de origem italiana. Ele era o oitavo dos doze filhos brasileiros do agrimensor Giuseppe Ruschi e da dona de casa Maria Roatti.
O site da Estação Biologia Marinha que leva o nome do naturalista conta que, ainda menino, Ruschi apresentava muita curiosidade pelas flores que o pai cultivava como hobby na “Chácara Anita”. Começou os estudos em Santa Teresa, no colégio Ítalo Brasileiro, onde diversas vezes foi chamado a atenção nas aulas, devido às brincadeiras com insetos que levava em vidrinhos e caixas de fósforos.
Augusto iniciou a vida profissional na administração pública, onde ocupou cargos técnicos. Em 1938, foi contratado pelo Estado, na Secretaria de Agricultura, para fazer o levantamento de áreas florestais. No final dos anos 1930, ele já tinha contato com a alta cúpula da administração estadual e fez relações importantes com figuras do Museu Nacional, onde ingressou em 1939.
Após a Segunda Guerra Mundial, diante da necessidade de intensificar a produção de alimentos, com a utilização de adubos químicos e um controle sobre as pragas, Ruschi passou a observar a morte dos pássaros e insetos após a pulverização com agrotóxicos e outros efeitos provenientes do envenenamento da natureza.
Augusto Ruschi publicou mais de 450 trabalhos científicos e obras de grande importância, como Aves do Brasil e Beija-Flores do Espírito Santo, livros sobre orquídeas, beija-flores, morcegos, macacos, aves e trabalhos com propostas de solução para problemas ambientais de diversas regiões do país.