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É preciso quebrar paradigmas: Flamengo, 38 anos depois…

Por Kleber Médici

Em um piscar de olhos já se passaram exatos 38 anos. Aquele 23 de novembro de 1981 gravado em minha memória ressurge para alimentar aquilo que podemos chamar felicidade.
É certo que o resultado em campo, 2 a 1 no River Plate, em Lima, no Peru, não foi apenas mérito dos brilhantes jogadores, mas revela a instituição Flamengo.

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A partir de 2012 a gestão rubro-negra, presidida por Bandeira de Mello, passou a quebrar paradigmas e redefinir o que se entendia por administração de um clube de futebol, planejamento que foi encampado pela atual diretoria, embalada por Rodolfo Landim.


O árduo trabalho de profissionais de diferentes áreas de atuação, dentro e fora de campo, que ousaram planejar, executar, controlar de forma estratégia e com responsabilidade a instituição Flamengo garantiram, até aqui, a tríplice coroa. A começar pelo Carioca, seguindo pela inimaginável conquista de dois títulos em 24 horas: bicampeão da Copa Conmebol Libertadores da América e do Campeonato Brasileiro.


Abro aqui um parêntese para uma dica: o choque de gestão que culminou com o êxito rubro-negro poderia ser aplicado no campo da gestão pública, onde desfilam inúmeros “craques”, cujo alquebrado desempenho não contribui para o desenvolvimento da grande massa populacional.
Voltando ao marcante 1981, após três jogos contra o Cobreloa: no “Maraca” Fla 2 a 1; no Chile, Cobreloa 1 a 0 e, no Uruguai o placar de 2 a 0 garantiu ao Mengo levantar o troféu da Libertadores. Neste contínuo espetáculo, Zico, nosso maior ídolo, foi o responsável por marcar todos os gols do denominado “esquadrão imortal”.


Pelas bandas da Doce Terra dos Colibris recordo a bela comemoração junto a meu saudoso pai, Tião Fiscal, e outros tantos flamenguistas. Seguimos pelas ruas de Santa Teresa, animados pela batucada, até uma parada elementar em frente ao prédio dos Vicentinos, onde residia o nosso técnico e amigo Comério, vascaíno roxo, que foi obrigado a ouvir o hino do flamengo, mesmo sem aparecer na varanda.: “uma vez flamengo, sempre flamengo; flamengo sempre eu hei de ser…”
Retomando o presente, no último 23 de novembro, assisti ao jogo marcado para o mesmo horário da festa de aniversário do primeiro aninho de minha netinha Victória, que, de fato, ocorreu no dia 24.


Um sufoco. Cheguei, cumprimentei os presentes e tratei de arrumar uma cadeira no reservado para flamenguistas e, claro, secadores. Dos 14min iniciais até os 46 min do tempo final, fui obrigado a ouvir um secador juvenil vascaíno ao meu lado vibrando com aquela parcial vitória do time argentino. Para nossa alegria, os dois gols do “Gabi Gol” expulsaram de vez aquele indigesto.
Agora, não é demais imaginar três flamenguistas da gema – meu pai, Américo Ronconi e seu filho Sérgio, sobre as nuvens, naquele sufocante segundo tempo pedindo piedosamente: muda o time Jesus, muda o time Jesus! E do outro lado, Vicente Cruz e o meu sogro, Ivan Massini, vascaínos fanáticos, dizendo calmamente: muda não Jesus que tá bom! É certo que Jesus mudou. E como eram três os flamenguistas, permitiu um placar com três gols. Era o bastante. Neste imaginário, celebramos a amizade daqueles amantes do bom futebol, que curtiram como poucos a geração de Zico e Roberto Dinamite.


No campo real, a torcida fez a sua parte, compareceu, torceu, vibrou com cada lance, uma festa! Os jogadores fizeram história pela organização em campo, pela entrega e obediência ao comando do Mister. Não tenho dúvida: Jesus se fez presente!
Como se não bastasse tamanha felicidade, mais uma coincidência o tempo nos reservou: enfrentar novamente o Liverpool, 38 anos depois, na final dos campeões.
Nesse embalo, parafraseando Pelé, “quanto mais difícil é a vitória, maior é a felicidade de ganhar”, e completo: seja em qual campo for. E como o próprio rei do futebol nos perguntava ao final de sua fala, repetimos: entende?


Por fim, que a instituição Flamengo sobreviva aos tormentos do tempo pela qualidade de seus profissionais, que ousaram quebrar paradigmas, dentro e fora de campo e siga seu planejamento sem se acomodar como muitos gestores públicos. Que continue a permitir grandiosos espetáculos pintados de vermelho e preto ao som da nação rubro-negra entoando: “vamos, Flamengo, vamos ser campeões; vamos, Flamengo, minha maior paixão; vamos, Flamengo e essa taça vamos conquistar.”