ColunistasFrei José Corteletti

Minha travessia

E para coroar sua ultima coluna em nosso periódico, publicamos esse texto, de autoria de Frei José, sobre si mesmo e suas reflexões sobre seu caminhar no plano terreno.

Meu grito de choro ao nascer até meu silêncio frio da morte que se avizinha: o fim… mas não “o fim do fim”. Daqui o salto para o IMUTÁVEL, o BOM. Este sim é o fim do fim. Momentos de trevas, lusco-fusco das incertezas até à barreira da limitação humana buscando a LUZ. O choro da primeira fome (mamei) até enxugar a última gota gelada do suor na face fria, o salto para a ETERNIDADE.
Na travessia encontrei muitos doentes (e até fui um deles). Ser levita ou samaritano? Titubeei e até fui comodista. Quanta satisfação em servir, pois veio o agradecimento nascido como o lótus no coração humilde. Deu-me muita força; porém quantas desilusões vindas do “leproso” que não voltou para agradecer. É um sentimento humano. Quanta dureza, quanta maldade, quanta tentativa e luta… Mas tudo se tornava mais fácil quando o sofrimento me levava para os braços de “Mãe-Pai Deus”. “Deixai que o Espírito Santo te dirá…”


Por outro lado, fui o reverso da medalha: papai, mamãe, irmãos – companheiros de estrada – vos ofendi muitas vezes e de mil maneiras (não segui vossa vontade, Pai): Da arrogância à indiferença. Do desleixo à irresponsabilidade. Da tentação à execução, etc… etc… etc… Mas sabe de uma coisa? \“Eu vim para vós, pecadores\”. Eu creio e confio em vós, meu Deus. “Este é meu cálice… este pão é meu corpo… Fazei tudo isto em memória de mim”.