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Os palhaços e os idosos

Kleber Medici

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Viciados em um tempo que muito se quer falar e pouco ouvir, atravessamos um período sombrio, com prazo indeterminado, porque estamos lutando contra um inimigo invisível e o gatilho da nossa maior arma está nas mãos da ciência, aliada imprescindível da fraternidade, da solidariedade e da fé.

Em 24 de março, quando das primeiras movimentações e informações sobre o necessário isolamento social em nosso município, em razão da COVID 19, publiquei no facebook uma sugestão ao Comitê Municipal para que solicitasse às autoridades competentes abertura de canais de comunicação para apoio às pessoas que apresentassem sintomas de ansiedade, pânico, depressão…enfim, sofrimento, em razão deste isolamento.

Depois daquela postagem, dentre algumas mensagens uma insinuava ser aquilo uma piada, mas, em banda diversa, recebi pelo Whatsapp outra que dizia o seguinte: “boa noite meu amigo. Sinto muita necessidade de apoio e força nesse momento. Parece que minhas forças estão se esvaindo. Um apoio psicológico seria de grande ajuda nesse momento.”

As redes sociais foram aliadas em minha pesquisa sobre grupos de voluntários que praticavam o ato de escuta. Cheguei ao trabalho do grupo “Escutadores Coletivos”, que reúne voluntários de diversos lugares do Brasil dispostos a aliviar o sofrimento e a angústia de pessoas a partir de 60 anos, pois, são os mais vulneráveis neste cenário de pandemia, segundo um dos idealizadores, o palhaço e educador Cláudio Thebas.

Thebas esclareceu que o idoso ou a idosa deve mandar uma mensagem via WhatsApp para o telefone (11) 94080-3640 e fazer a sua inscrição no projeto. Voluntários estarão disponíveis em diversos horários para conversas de vídeo, áudio ou telefone. Informou que qualquer pessoa pode juntar-se à rede como escutador ou escutado.

Neste campo de batalha é claro que além dos “Escutadores Coletivos” outros grupos existem. Quem sabe aquela sugestão do dia 24 de março possa ser colocada em prática aqui no nosso Município, por profissionais da área de psicologia, com a contribuição de voluntários. Praticar a escuta certamente aliviará o sofrimento provocado por estes transtornos emocionais. Afinal, valho-me das palavras do palhaço e educador Cláudio: “bons palhaços não vivem de piadas, mas de encontros positivos, construídos com afeto e escuta”.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408

Um comentário sobre “Os palhaços e os idosos

  • Excelente texto. A partir de uma crise novos paradigmas se inauguram e o humano ser se reinventa…para melhor! Sensível e profundo esse seu apoio.

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