Entrevista do secretário de saúde sobre as novas decisões
O Secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, concede entrevista na tarde desta sexta-feira (29), abordando as mais recentes decisões relacionadas ao coronavírus.
Nova Matriz de Risco
De acordo com o novo mapa de risco da secretaria de estado de saúde, Santa Teresa, Marechal Floriano e Piúma fazem parte agora do grupo de Risco Alto e terão que adotar medidas mais restritivas à circulação de pessoas.
A nova matriz poderá contar com cidades com risco extremo, onde poderá ser adotado o lockdown. “Com ele determinando um silêncio urbano nas cidades, para que as pessoas se recolham em suas casas por 14 dias. Nos últimos dias amadurecemos o risco que levará a essa medida de restrição”.
Lockdown
O lockdown, segundo o secretário pode acontecer em qualquer lugar do país, sem organização e planejamento. Mas quando houver necessidade de medidas enérgicas, elas serão adotadas. “Mas não é o que queremos”.
Turismo
Pessoas estão se dirigindo às montanhas, com suas famílias para se hospedar. Atitude condenada por Luiz Carlos Reblin, que diz que o momento é de ficar em casa, porque as cidades todas estão buscando se isolar e não de passeios. “Há um risco grande de milhões adoecem, não é razoável que as pessoas façam passeios, porque o momento não é disso”.
Óbitos
A previsão é que o mês de maio termine domingo (31) com 600 mortes registradas no Espírito Santo. “A batalha só será vencida se toda a comunidade capixaba se mobilizar”, afirmou Nésio Fernandes. “A pandemia é real e está instalada em todos os municípios capixabas. Não se iluda”, acrescentou.
A questão mais dramática tem sido as mortes, destacou o subsecretário Reblin. “Sem querem fazer cena dramática, imagina um velório de 600 pessoas, 600 caixões enfileirados em um campo de futebol. Atrás de cada morte tem uma história, tem a história de uma família”.
Atualmente o Espírito Santo tem, no Laboratório Central (Lacen) 41 óbitos em investigação.
Testes em falta
“Tivemos uma situação no Brasil com a falta de insumo para testes – reagentes específicos para a extração do RNA viral das amostras -, e os exames permaneceram mais tempo do que prevíamos no Lacen. Mas o material foi encaminhado para o Paraná e estamos aguardando a liberação desses resultados, mas acreditamos que até no início da semana que vem teremos as respostas. Depois da regularização desse insumos, nos testes emergenciais o prazo está entre 24 e 26 horas”, afirmou o subsecretário.
Hospitais de campanha
Mesmo com um planejamento, a construção do hospital de campanha, que é apontada como última opção do Governo do Espírito Santo na política de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, não supre a necessidade do estado, que é a dos leitos de UTI. Segundo o secretário de estado da Saúde, “o hospital de campanha é uma solução para um problema que não temos”.
“Hoje a realidade capixaba para enfrentamento é ela tem estratégia adequada que primeiro vamos expandir a rede própria e complementar com a compra de leitos na rede privada e isso representa que os hospitais de campanha são unidades hospitalares frágeis e representam unidades assistenciais temporárias com perfil de média e baixa complexidade [enfermaria]. Leitos de enfermaria, que hoje temos 58% de ocupação, não são um dilema, pois o maior dilema são leitos de UTi e hospitais de campanha não sustentam eles”, explicou.
Cloroquina
Em relação ao uso da cloroquina ou hidroxicloroquina no Espirito Santo, Fernandes informou que o medicamento não pode ser considerado um placebo e que a conduta no estado foi atualizada, após as recomendações para o uso do Governo Federal. “A cloroquina não pode ser considerada placebo. A população que possui cardiopatia são grande parte dos pacientes que evoluem a complicações e óbitos quando são infectadas pelo Covid-19 e essa população é que tem mais em risco com efeitos adversos derivados do uso da cloroquina e o uso do acompanhamento é contida a qualquer tipo de reação”, disse o secretário de saúde.