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A colonização do Timbuhy em registro do jornal “O Espírito-Santense”- Parte 1: Os Barracões

Por Simone Zamprogno

image2 A colonização do Timbuhy em registro do jornal “O Espírito-Santense”- Parte 1: Os Barracões

Continuando nossa leitura de registros do Governo Provincial no Jornal “O Espírito-Santense”, vamos analisar uma coluna publicada nas edições de 19 e 29 de fevereiro de 1876, que descrevem a Colonização do Timbuhy. Na verdade se trata da defesa do Presidente Sant’Anna Lopes sobre as acusações publicadas no Jornal “Commercio” sobre a colonização do “Deserto do Timbuhy”. Este termo pode ser observado principalmente em documentos contra a colonização daquela área, quanto em outros que descreviam os problemas daquele núcleo de colonização. Em meio ao texto de defesa publicado, vamos nos prender à algumas descrições do Núcleo Timbuhy, que anos depois se emancipou dando origem ao município de Santa Teresa.

Iniciaremos com Sant’Anna Lopes descrevendo os barracões preparados para alojar os imigrantes que se dirigiriam para o Timbuhy/Santa Teresa:

“Esses barracões são todos barreados, repartidos e cobertos de tabuinhas, sendo o que servia para a Diretoria, forrado e assoalhado. Eles foram examinados pelo Sr. Comissário do governo que, sendo consultado  por mim sobre a lotação deles, declarou poderem receber convenientemente mais de 600 imigrantes”.(…) “Estes barracões são muito ventilados, resguardados da chuva e do sol, colocados em lugares elevados e próximos de excelente água de cachoeira.(…) É preciso que se saiba, que estes barracões não servem  para residência definitiva dos imigrantes, é apenas para se recolherem durante os dias e as noites que gastam em marchar para seus prazos. Esses barracões foram vistos pelo Sr. Comissário do governo. Ele disse que seria censurável se fizesse coisa melhor, quando se trata de obras provisórias, que a necessidade de momento podia obrigar a abandonar, para edificar outras em outro lugar, (…) que os barracões em condições estalagens convidavam os colonos a permanecerem neles e não teriam pressa em prepararem seus prazos, e em edificarem suas casas”(O ESPÍRITO-SANTENSE, 19/02/1876, p.4).

Sabemos que a descrição que os imigrantes tinham dos barracões não era de um local tão arejado e confortável, mas nosso propósito aqui é apenas apresentar a descrição que o governo tinha do Núcleo Timbuhy.

Geralmente os imigrantes chegavam até o Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina em pequenas embarcações, aí pernoitavam em barracões.  Na manhã seguinte eram conduzidos aos núcleos coloniais, onde permaneciam alojados também em barracões, ou para os que chegaram tempos depois, tinham ainda a opção de permanecer na casa de parentes ou patrícios que já haviam se instalado.

No texto publicado no jornal,observamos uma solicitação de Santa’Anna Lopes, às autoridades “que não dispusessem do serviço de suas tropas, pois ele precisava delas para conduzirem as bagagens de imigrantes que estavam a chegar”.

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Essa informação, que os imigrantes tinham ajuda de tropas, para auxiliarem no transporte de bagagens, até então, não havia sido observada nos relatos orais de descendentes, nem em outros registros analisados até então. Também não conseguimos saber se este serviço realmente se efetivou e por quanto tempo. O que é válido pontuar é que, a análise de documentos históricos nos permite compreender diferentes pontos de vista dos personagens/atores de nossa história.

Evandro Seixas Thome

Brasileiro, Tronco Aruake, Etnía Baré, nasceu em Manaus - AM em 1963, cursou filosofia no Colégio Salesiano Dom Bosco, foi legionário da Cruz Vermelha de 1987 a 2001, atualmente é técnico em gestão de resíduos sólidos, ambientalista pelo Observatório da Governança das Águas (OGA); Jornalista/editor do periódico mensal Santa Teresa Notícia (STN) em Santa Teresa-ES. Contatos pelo 27 99282-4408